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A importância da monitorização prolongada na prevenção do AVC cardioembólico

  • Foto do escritor: fidelmeira
    fidelmeira
  • 11 de mar.
  • 2 min de leitura

Em um caso recente, um paciente internado devido a um AVC apresentava somente aumento do volume do átrio esquerdo. A monitorização tradicional intermitente não identificou os episódios paroxísticos de fibrilação atrial, os quais somente foram captados após 14 dias de monitoramento contínuo. Essa identificação permitiu o ajuste da estratégia terapêutica, culminando na indicação de anticoagulação para a prevenção secundária em vez de adotar-se antiagregação plaquetária (o que não reduziria o risco de recorrência de forma significativa).

Monitoramento Contínuo: O consenso de 2024 do American College of Cardiology traz diretrizes inovadoras para o monitoramento de arritmias em pacientes pós-AVC. Diferentemente dos métodos tradicionais, baseados em registros eletrocardiográficos pontuais, o monitoramento prolongado – utilizando dispositivos externos e implantáveis – permite uma avaliação contínua do ritmo cardíaco. Estudos recentes demonstram que essa estratégia pode aumentar a detecção da fibrilação atrial, passando de 12% para mais de 20% em diversas populações, o que impacta decisivamente as decisões terapêuticas.

Personalização na Avaliação do Risco As novas diretrizes enfatizam a importância de personalizar o monitoramento de acordo com o perfil individual do paciente. Fatores como a história de insuficiência cardíaca, alterações do átrio esquerdo e o escore de risco CHA₂DS₂-VASc auxiliam na identificação dos pacientes que se beneficiarão mais do monitoramento prolongado. Essa estratificação permite otimizar os recursos e evitar intervenções desnecessárias em indivíduos com risco baixo.

Integração Multidisciplinar e Desafios na Prática Clínica Apesar dos avanços tecnológicos, a interpretação dos dados obtidos requer rigor metodológico. É essencial diferenciar entre dispositivos médicos – com aprovação regulatória e capacidade de fornecer registros eletrocardiográficos contínuos – e aparelhos de uso direto ao consumidor, como smartwatches, que podem apresentar limitações na precisão dos dados. A análise dos registros, suscetível a falsos positivos e artefatos, demanda uma colaboração estreita entre neurologistas, cardiologistas e eletrofisiologistas, garantindo que as informações sejam corretamente integradas à prática clínica.

Perspectivas Futuras na Prevenção do AVC A publicação “2024 ACC Expert Consensus Decision Pathway on Practical Approaches for Arrhythmia Monitoring After Stroke” representa um avanço significativo no manejo de pacientes pós-AVC. A adoção do monitoramento prolongado e a personalização do acompanhamento terapêutico oferecem uma base sólida para a prevenção secundária do AVC, contribuindo para a melhoria dos desfechos clínicos e a redução do impacto do AVC na saúde pública. Essa abordagem evidencia a necessidade de integrar novas tecnologias à prática clínica, estimulando futuras pesquisas que aprimorem ainda mais o manejo dos pacientes.

Aplicação Clínica Em síntese, a implementação dessas diretrizes na prática clínica se traduz em uma abordagem mais precisa e individualizada para a prevenção secundária do AVC. Ao utilizar monitoramento prolongado, os médicos dispõem de dados mais robustos para orientar a indicação de terapias, como a anticoagulação, e para ajustar o manejo dos pacientes de acordo com seu risco específico. Essa estratégia não apenas aprimora a eficácia das intervenções, mas também reforça a importância da colaboração multidisciplinar e do uso criterioso de tecnologias avançadas, promovendo uma prática médica baseada em evidências que pode reduzir significativamente a reocorrência de eventos embólicos.

 
 
 

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Dr. Fidel Meira

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